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AMO DUAS. O QUE FAÇO?

AMO DUAS. O QUE FAÇO?

  

 

 

 

----- Original Message -----

From: AMO DUAS. O QUE FAÇO?

To: contato@caiofabio.com

Sent: Thursday, August 30, 2007 19:47

Subject: Me ajude!

 

 

Pastor,

 

Eu amei uma mulher feito um doido. Tudo nela eu desejava. Até qualquer coisa... dela era lindo pra mim. Mas eu era casado... Terminei me separando. Sofri muito com isso... demais mesmo. Ela ficou na pior também, e faliu... em tudo. As filhas dela deixaram ela e todo mundo tratou ela como puta. Ela era da igreja mesma que eu... Eu era líder dos homens numa igreja tamanho grande; G12. Fui expulso com um pé na bunda. A culpa que ficou foi demais. Eu não agüentei ficar com ela. Mudei de cidade e depois de país. Aqui onde estou agora, já estou faz uns tempos, uns três anos, eu me casei com uma mulher linda e dedicada... Crente também, ela é argentina. Eu sei que ela me ama, pastor. Eu amo ela muito também. Mas eu não deixo de sentir as mesmas coisas pela outra, entende? Parece uma coisa... Como pode isso? Acho que sou doente... Mas não me sinto um sujeito ruim, só não entendo isso. É isso...

 

M.

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Resposta:

 

Meu irmão: Graça e Paz sobre você!

Ninguém pode servir a dois senhores e nem a duas senhoras. Pois, ou se devota a uma senhora e despreza a outra ou vice-versa.

Há um mecanismo interior na nossa constituição [se ela permanecer minimamente normal] que não deixa o coração se dividir nas mesmas equivalências de sentimentos conjugais, isso até nas culturas polígamas. Pois, mesmo em tais contextos, a chegada de uma nova esposa quase sempre significa ciúme para as demais, visto que em geral o dono do harém acaba por se dedicar ao que é novidade e, assim, despreza o que antes junto a ele já existia.

Os exemplos bíblicos existem.

Abraão não conseguiu fazer Sara e Hagar ficarem bem, mesmo tendo sido Sara a indutora do novo relacionamento, na intenção que tinha de ter filhos por meio da escrava. Onde uma reina, a outra é escrava.

Jacó também amava mais a Raquel do que a Lia. E elas eram irmãs. Mas nem isso ajudou... Ao contrário, foi um festival de guerras, de disputas, de relações tensas entre os filhos, culminando com o ódio que “matou” [assim pensarem] a figura do filho da mãe mais amada pelo pai.

Elcana, pai de Samuel, também amava mais a Ana que a Penina. E as disputas se estabeleceram...

Desse modo, um homem pode amar a mais de uma mulher, mas não conseguirá ser de nenhuma delas, pois, quando se dedicar a um sentimento desprezará o outro.

Ironia: só Deus conseguiria ser tal marido!

Ora, a sua situação é diferente das que citei acima; afinal, sua esposa pensa que tudo isso ficou para trás, se é que ela sabe.

No entanto, esta é para ela [sua esposa] uma guerra desigual e desleal. Primeiro porque ela não sabe. Segundo porque ela está com você todo dia — na labuta e no desgaste do existir conjugal; enquanto a outra só visita você como sonho, como imaginação e como construção perfeita. Terceiro porque uma relação inconclusa assim como a sua com a mulher proibida, tende a produzir a exacerbação dos sentimentos; e, no coração, surge o desejo no individuo de abraçar aquilo que foi proibido; de modo que “tais amores” sobrevivem pela própria inexistência real deles no dia a dia.

É mais fácil ficar livre do sentimento de dor de uma pessoa amada que morreu, do que de uma também amada e que foi seqüestrada —; portanto, estando viva sem que se tenha acesso a ela ou sem que se saiba como está e como passa, tudo fica mais difícil. A psicologia de sua situação é fantasiosamente a mesma.

Não estou em condições de avaliar seus sentimentos, mas posso avaliar a sua situação.

Desse modo, o que penso é que você deve entender que por mais que você tenha amado essa mulher, se vocês estivessem juntos, hoje você já não se sentiria em relação a ela [presente] como você se sente em relação a ela ausente.

Assim, sem convívio e sem desgaste um sentimento inconcluso pode virar um câncer de idealizações na alma para sempre, a menos que a pessoa se decida pela realidade, e não viva de comparar a fantasia perfeita com a realidade esmagadora em suas conseqüências.

Amor é também escolha nesse nível da vida. Sim! Porque se você pode escolher amar aquela com quem você não vive e não vê; por que você não pode decidir amar aquela com quem você vive e a quem você vê?

Portanto, cuidado para que seu coração não despreze o sacramento do amor que você vê, pelo amor que, existindo ou não, você não vê!

Você não disse a sua idade, mas assumi que você deve estar entrando na meia-idade. Ora, mais uma razão para você ver bem o que sente; e isto para você não se precipitar em razão dos ecos não resolvidos os passado, os quais, na meia-idade, podem virar assombrações de paixões.

Entretanto, se você ama mesmo essa mulher, e se isso não é amor-fantasia fabricado pela impossibilidade e pela ausência; e, não tendo você filhos com esta outra pessoa [a 2ª], caso chegue a concluir que o que você sente é mais que real [pela 1ª], e que ela também sente e quer a mesma coisa, o certo seria deixar livre a Lia e abraçar a Raquel; ou ajudar Penina, mas cuidar de Ana; ou dizer a Hagar que não dá - enquanto ela não se amargura; pois, os envolvimentos do coração são inevitáveis.

Todavia, eu não creio que amando as duas vocês as ame com a mesma qualidade de amor. Sim! Porque mesmo quando se ama em tal estado de ambivalência, ainda assim os dois sentimentos jamais serão idênticos; em razão de que as duas pessoas são totalmente diferentes, sempre.

Mas como disse, para chamar isso de amor mesmo, só se Deus fosse o marido de ambas!

A tendência numa hora dessas é querer ser honesto com ambos os sentimentos e abraça-los a um só tempo, mesmo que apenas de modo subjetivo, sem encontros e sem contatos, como é o seu caso ainda. No entanto, tal lealdade para com ambos os sentimentos divide o individuo, e, quando a pessoa é sincera, tal divisão [diabolos] deixa a pessoa na iminência de transtornos interiores profundos e tendentes à raiva e ao descontrole emocional.

Ou seja: alguém [a mulher presente] recebe a transferência da frustração enquanto a ausente recebe a projeção equivalente ao tamanho da transferência negativa feita para a outra pessoa, a qual, sem saber, está sendo imantada por um olhar estranho e, em tal caso, tornando-se até perverso para a mulher que o recebe sem o discernir.

Muitas vezes nada tem a ver com amor; mas apenas com a vontade de sofrer o proibido até o fim; como se a pessoa tentasse fazer valer o mal que praticou na intenção de realizar algo que acabou não se concretizando supostamente pela intenção de terceiros.

Assim, decida-se; mas não viva a alimentar-se de tais “sentires ambivalentes”; pois, o homem de ânimo dobre nada recebe da sabedoria de Deus para a vida.

Se você quer paz e uma vida boa, mansa e tranqüila, não se deixe prender nessa cela de fantasias baseadas num passado real, mas que hoje poderia ser apenas a sua frustração caso não tivesse ficado inconcluso. Afinal, você não sabe de nada.

Esta é a minha sincera opinião!

Receba meu carinho!

 

Nele, que ama a todos porque é Deus, mas que não deu ao homem [como projeto da criação] poder para amar duas mulheres em equivalência de sentimentos,

 

Caio

30/08/07

Manaus

AM

  

 

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