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COMO PUDE, AMANDO..., TRAIR?...

COMO PUDE, AMANDO..., TRAIR?...

 

----- Original Message -----

From: COMO PUDE, AMANDO..., TRAIR?...

To: contato@caiofabio.com

Sent: Tuesday, April 21, 2009 7:17 AM

Subject: Pelo amor de Deus, me ajude

 

Caio,

 

Perdão por lhe escrever num momento em que tudo o que você precisa é de descanso. Tenho acompanhado no site que você está se tratando e talvez nem tenha tempo ou ocasião para ler meu e-mail. Já quis por várias vezes lhe escrever, mas acabei deixando para lá, até mesmo por achar que você não me leria ou responderia.

Vou direto ao assunto.

Tenho 46 anos. Sou divorciada, tenho dois filhos.

Há 19 anos tenho um namorado, com o qual comecei a ter um caso quando ainda era casada. Eu o amo com desespero; não consigo me imaginar sem ele.

Há três anos começamos a fazer planos para nos casar, o que deveria acontecer ano que vem ou em 2011.

O meu problema é que nesses 19 anos eu o traí 4 vezes; melhor dizendo: com 4 homens diferentes. Com um tive um affair de um ano. Com outro, de sete meses, com outro de dois meses, e com o último de quatro meses. Meu último caso foi em 2003. Com o primeiro deles eu cheguei a engravidar e, para minha completa vergonha, fiz aborto.

Eu sempre me senti suja, imunda mesmo em relação a ele. E o pior de tudo, eu nunca consegui entender por que fui para a cama com esses homens.

O sexo com o meu amor é insuperável, coisa que eu nem acreditaria se me contassem. Damos-nos perfeitamente bem na cama e fora dela também. Foi aí que eu decidi que era com ele que eu queria viver o resto dos meus dias.

Há dois meses, a consciência me pesou, e eu contei para ele. A princípio, fui covarde. Contei que tivera apenas um caso rápido, de seis meses. Ele começou a me apertar, e contei que tivera mais um caso. Até que, não conseguindo mais esconder nada, até mesmo porque eu via o sofrimento e a angústia no coração dele, contei tudo. Implorei o seu perdão. Ele me questionou o porquê de eu ir para a cama com outros homens, já que eu o amava. Eu respondi que não sabia, e de fato não sei a resposta.

Nunca encontrei qualquer prazer com nenhum desses homens. Não houve nem uma vez que qualquer deles me desse prazer. Depois de cada vez que eu saía com eles, eu sentia nojo e arrependimento, mas na hora que estava acontecendo, não sentia nada, nem nojo, nem arrependimento e nem prazer. Quando eu pensava em meu amado, eu chorava porque estava fazendo aquilo, mas não conseguia parar de fazer.

Eu contei tudo isso para ele. Disse que desde 2003 fui consumida por um arrependimento tão grande que nunca mais olhei para homem nenhum, e isto é verdade. Contei para ele para me sentir limpa, para que nos casássemos sem qualquer lixo por debaixo do tapete. Ele chorou demais, está sofrendo muito. Eu sei que ele quer me perdoar, mas o seu orgulho de homem ferido parece que o está impedindo.

Ele me disse uma coisa que me deixou assustada: disse que se não pudesse entender o porquê de eu ter tido esse comportamento, não conseguiria me perdoar, até mesmo porque estaria sempre com medo de que isso aflorasse e eu fizesse de novo. Disse que eu o procurasse novamente quando tivesse a resposta. Ele também procuraria entender tudo e, se conseguisse me perdoar, prosseguiríamos. Se não, era o fim da linha para nós dois.

Caio, não estou suportando ficar longe dele e nem a sensação de que ele poderá cair nos braços de outra mulher, nem que seja por vingança. Mas o que mais me dói é não saber por que eu fiz isso. Por que eu me entreguei a outros homens quando tinha o único homem que sempre quis ao meu lado?

Eu estou doente, Caio, por não conseguir uma resposta. Por favor, me ajude. Eu já pensei em procurar um psicólogo, mas tenho uma dificuldade enorme de me abrir com os outros.

Só estou fazendo isto agora com você porque é o único que, mesmo sem conhecer com maior estreiteza, é o único em quem confio e também, não posso negar, porque estou protegida pelo anonimato.

Eu estou me consumindo; não consigo me alimentar, trabalhar, viver, enfim...

Dê-me uma direção, pelo amor de Deus. Diga-me qualquer coisa que me faça compreender porque eu fiz isto. De 2003 para cá não fiz mais, nem tive vontade. Mas o fato é que eu fiz e o meu amado tem medo de que eu faça outra vez. Eu acho que jamais faria de novo, mas até mesmo quanto a isto estou insegura.

Será que ele vai me perdoar? Por que ele quer saber por que eu fiz?

Perdoe-me esse e-mail tão grande, mas eu precisava desabafar com alguém confiável. Pelo amor de Deus, me dê uma luz tão logo isto lhe seja possível.

De resto, que o Senhor restaure a sua saúde para que você continue sendo essa candeia posta no velador.

Muito Obrigada

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Resposta:

Minha amiga querida: Graça e Paz!

 

Quando um homem e uma mulher começam uma relação que se estabelece durante um longo processo de traição, como foi o caso de vocês — você ainda era casada com o pai de seus filhos quando começou a trair; no caso: com ele —, o elemento sexual da traição, com seus excitamentos proibidos, com suas culpas, mentiras, enganos, esconderijos, senhas, códigos, e, sobretudo, sombras, estabelecem um padrão psicológico de desejo compulsivo, de vontade transgressora; que nada mais é que exercício de poder como liberdade de praticar. É o todo-poder do sexo como surto.

Ora, além disso, como vocês nunca moraram juntos, mas apenas se derem em amor sexual um ao outro por quase 20anos, o “padrão” que mais marcou a sua alma até aqui, não foi o do casamento, mas o padrão do affair.

Além disso, quando uma mulher começa a gozar muito, muito mais que as demais mulheres, por vezes surge nela a idéia de que ela é a gostosa, que ela é a égua de amores, que ela é o sexo do século, seja com quem for...

É a loucura, loucura mesmo, da mulher maquina de dar prazer!

Como adição a isto, creia, a alma manda mensagens, envia torpedos de sedução, comunica o poder de prazer da fêmea, e os machos lêem e discernem... E vêm...

Então, vem a “obrigação” da mulher de ir... e comer ou dar... [à semelhança de um homem, que “pega” por pegar, pega pra provar pra si mesmo que é o gostoso] —; e, por vezes, de fato quase todas às vezes, ela vai para a cama não com tesão pelo homem, mas com tesão por si mesma como a gostosa insuportável de tão gostosa. Ou seja: é sexo da mulher com ela própria. É masturbação com o corpo de um outro...

Ou seja: uma das tendências psicológicas de uma amante gostosa é crer que ela é o milagre do tesão; e, assim, com tesão por si mesma, pela sua própria carne como objeto de cobiça e desejo, acaba por colocar-se em uma vereda ruim; e isto em razão de que ela está de caso consigo mesma; que me parece ter sido o que aconteceu a você.

Outras vezes a mulher/amante não trai o amante, mas, se ele visse seu coração, se sentiria igualmente traído; pois, no interior dela, mesmo quando ela não trai fisicamente, existe uma competição de gostosuras; e, não raramente, a mulher se vê enlouquecendo outros homens...; e é por isto que eu disse que mesmo que você não tivesse feito nada..., porém, naquele estado, nem ele suportaria ver você por dentro; não pela traição, mas pelo seu surto de mulher fatal e gostosa.

Resumindo:

A sua psicologia sexual se condicionou ao poder da amante/fatal, e, assim, vendo como ele era louco por você na cama, quis saber o que você poderia fazer de com outros homens.

De fato, você quis saber se a química do milagre está em vocês dois, ou, de fato, apenas em você.

Você ficou tão cônscia de que é gostosa que desejou ver o que aconteceria a outros homens com você.

Foi, viu, sentiu e concluiu, não sem tentativas [a soma das traições dá quase dois anos...], que o “milagre” não está em você; viu que você é gostosa, mas que sem o tal “poder” de vocês dois a tal química não fecha toda...

Então, entrando você em estado gradativo de consciência, foi se arrependendo...; embora este tenha sido o surto, e para o qual até agora você não teve uma explicação.

Por vezes a amante/fatal/gostosa não se dá a outros homens, mas, fica tão de caso com seu poder de fazer gozar e de enlouquecer um homem, que, se entrega de amores por si mesma; é a tal mulher de paixões da Bíblia.

Nesse caso, a mulher não se dá a outros homens, mas passa o dia vendo o corpo, as posições, usa o espelho para ver como ela pode fazer para ficar mais égua de amores, mais enlouquecedora...; e, assim, vai caminhando de caso consigo mesma...

Ora, como você já tinha grande experiência em trair sem ser apanhada, você foi com os Quatro homens; sempre achando que era um experimento de você para você mesma; um experimento seguro, pois, tanto ele não saberia [quem vai imaginar que a amante apaixonada ainda faz experiências sexuais fora do ambiente de amaziamento?], como também acreditou que jamais daria a “bandeira” que poderia fazer você vir a ser descoberta.

O problema, no entanto, é a consciência; Graça a Deus!

Na realidade, se sua disposição de arrependimento já estava estabelecida, você não deveria ter contado nada, pois, agora, somente um milagre fará as coisas retornarem ao romance de amor fantasioso que vocês tinham...

Entretanto, em razão da desgraça, agora, surge a chance de que, em havendo perdão da parte dele [por amar você de fato], vocês possam se encontrar na verdade; e não apenas em razão dos gozos sexuais...

Sexo louco e arrebatador se faz passar por amor com muita facilidade, especialmente se depois de ambos gozarem como preás, cada um for para sua casa...; e não para a vida comum.

Ambiente de amor não é Motel; é cozinha, quarto, sala, chatice, problemas, inúmeras decisões de vida, divisão de privilégios e desejos, entrega, renuncia, e, sobretudo, amor simples, com ou sem sexo.

Entretanto, por tudo isto, agora você está desesperada...

Pode ser que ele não volte mais...

E seu corpo, mais do que a sua alma, se contorce de desejo desesperado, com medo de que, pelo sexo sem prazer, você tenha perdido o prazer do sexo.

Entretanto, tudo o que ouvi até aqui tem apenas a ver com sexo; pois, de fato, vocês nunca tiveram a chance do amor.

Existe o tal do sex affair e existe o tal do love affair.

Você teve com os Quatro homens apenas sex affair. Com ele você teve e tem love affair... Mas até o “love” desse “affair” ainda não passou pelo teste do amor verdadeiro.

Assim, você pergunta:

O que aconteceu comigo?

Ora, o mesmo que aconteceu a você quando você foi pra cama com ele sendo ainda casada...

E mais:

A alma pensa: Se fiz isso estando casada com o pai dos meus filhos, por que não posso fazer com o homem que eu amo, mas que não é o meu marido ainda?... É assim o engano...

Desse modo, surtada de poder sexual e fatal, com uma tesão danada em você mesma, em sua capacidade de enlouquecer os homens..., você resolveu tirar a limpo os fatos de seu poder, e se deu...; e fez como quis, pois, era um poder que você tinha nas mãos...

Sim! No fim a coisa toda tem a ver com poder; e com o vicio do poder sexual... Sempre é tentação de poder... Sexo sem amor é quase sempre uma questão de poder e de afirmação.

Além de tudo, existem os mecanismos inconscientes mais profundos na alma...

De fato, a alma também se vinga da gente; seja de coisas antigas e passadas; seja de coisas importantes para nós hoje, mas que não passaram pelo juízo da alma!

E qual foi a vingança de sua alma?

Primeiro foi acabar com seu fetiche sobre você mesma: os 4 homens não deram nem um pigmeu de prazer a você.

E, depois, foi o desconforto que levou você à confissão...

Sim! Pois, depois de muito enganar-se e enganar, até a alma quer verdade e fato.

Sei que os homens não significaram nada para você. Sei que foi tesão de você por você. Sei que foi surto de poder sexual... Sei que foi a loucura da mulher que se pensa uma maquina de fazer gozar... Sei como foi e o que foi... Mas é ele quem tem que, em se convencendo disto, perdoar você.

Ora, se ele quer entender o que aconteceu a você, mostre esta carta a ele, caso você concorde com o meu diagnostico.

Mas não haverá garantias de nada... Ele pode tanto aceitar, por compreender, como também pode achar que não dá mais...

No fim a gente sempre tem que aprender a diferença entre meninos e homens, entre meninas e mulheres...

Já vi muita gente boa de Deus cair na mesma esparrela da alma...

Sim, amando alguém, mas, mesmo assim, se servindo de outra pessoa, apenas como afirmação da gostosura mágica da própria pessoa, na visão narcisista que tenha de si mesma, e que é alimentada na forma do vício de gozar e fazer gozar, como se a pessoa tivesse uma “dívida” de distribuir mais prazeres, por mera afirmação pessoal.

Ora, isto acaba virando vício; o que, Graça a Deus, não é o seu caso.

Agora, todavia, é crer na verdade; é arregimentar energias da verdade; e é dispor-se a, não importando a decisão dele, continuar na verdade.

Você veio do todo-poder sexual para esse estado de impotência total. Graças a Deus. Aí pode estar a salvação de sua alma para o padrão da sobriedade!

Ora, depois de tanta confiança no poder do sexo, chegou a hora de você aprender a paciência do amor e da espera!

Confie em Deus. Se ele for seu, ele voltará; se não, melhor que não venha; pois, apenas seria dor, acusação, e muito, muito sofrimento...

Espero lhe ter sido útil.

Estou orando por você e torcendo pela verdade.

 

Nele, que nos deixa provar a mentira de nós mesmos para ver se aprendemos que nada podemos contra a verdade, senão em favor da verdade,

 

 

Caio

21 de abril de 09

Copacabana

RJ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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