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Opinion

Da Vince:  O FILHO DO HOMEM DA NOVA ERA

Da Vince: O FILHO DO HOMEM DA NOVA ERA



Leonardo Da Vince foi eleito pelo inconsciente coletivo o ‘Filho do Homem da Nova Era’. Sem dúvida Da Vince foi um gênio. Quanto a isto não há questão. No entanto, desde 1999, na Florida, que percebi que havia uma tendência a fazer de Da Vince o ‘homem-modelo’ dessa nova renascença chamada de ‘New Age’. “Como ser um homem da Renascença” é um livro belo e elegante, e que ensina os modos de ver e pensar de um verdadeiro novo homem da ‘renascença’... de um genuíno discípulo de Leonardo. De lá para cá tenho visto a sistemática iniciativa da mídia e de muitos outros grupos da sociedade quanto a tentar fazer uma ressurreição Da Vince, elevando-o à categoria de Filho do Homem da Pós Modernidade. Os ‘metrosexuais’ têm nele seu modelo; os artistas, o seu muso; os loucos, o seu herói; os anti-religiosos, o seu guru; os esotéricos, os seu mago; os ficcionistas, o seu espalhador de códigos; os inventores, o seu preceptor; os cínicos, o falsificador do ‘Sudário de Turim’; os misteriosos, o seu grande sacerdote; e os que gostam de se sentir ‘atualizados’, o seu mentor de banalidades aprendidas para consumo na fogueira das vaidades. O livro mais vendido do ano que passou foi o ‘Código da Vince”, o qual é muito bem escrito e tem uma trama muito boa, embora seja fraco do ponto de vista das coisas que afirma, à menos que as deixemos no plano da ‘ficção”. No entanto, para a maioria ingênua e ignorante dos fatos, “O Código Da Vince” tem sido o livro das ‘revelações’ para o homem pós-moderno. Ora, com isso tenta-se fazer de Leonardo uma espécie de inventor oculto de todos os grandes mistérios do Ocidente. No mais, mesmo reconhecendo os méritos artísticos e de engenharia imaginativa que havia em Leonardo, devo dizer que o achado de seus rascunhos antes abandonados e negligenciados, fez dele um profeta escondido durante séculos sob o manto do artista. Assim, os ‘manuscritos de Da Vince” foram alçados ao nível de ‘textos sagrados’ que se haviam perdido, e que foram achados a fim de alimentar a fé desta nova era. Leonardo Da Vince está sendo proposto como o Filho do Homem da Nova Era! Ele é tudo... é o homem que sabia tudo... é aquele que encobriu tudo até o tempo oportuno... é o gênio que faz síntese do melhor da humanidade... é o ser livre de tudo e todos... e o louco lúcido... é o livre que não podia contar tudo... é o guardião dos mistérios da religião... é a mente que concebeu profeticamente quem seríamos... e que foi preservado para revelação ‘em tempo oportuno’. O culto de Leonardo está ficando tão grande que eu já estou de saco cheio! E o pior é que virou moda, de tal modo que não há ‘desavisado’ que queira parecer ‘informado’ que não sapeque alguma bobagem tirada do ‘Código Da Vince” em qualquer que seja a conversa socialmente bem ilustrada... Que saco! No entanto, sei que não é besteira; não apenas o que se diz de Leonardo, mas sobretudo o que se pretende fazer dele: Um ‘jesus’ adequado ao espírito religioso desta era de Leonardos... Não tenho a menor vocação para ser um “Homem da Renascença”. Sou cabra do Amazonas... detesto o ‘politicamente correto’... abomino as modas... e me nego a seguir com o fluxo das ovelhinhas do ‘pastor mundo’. Desculpe, Leonardo, mas para mim você era um gênio maravilhoso... e houve muitos maiores que você e que nunca foram conhecidos... todavia, é aí que você fica para mim... e, saiba: se você fosse aquilo que tentam hoje fazer de você... e se você aceitasse tal culto... levantar-me-ia contra você e o chamaria de falso profeta. E olhe, querido Leo! Minha cabecinha é muito aberta... mas ela só não agüenta idiotice. Fazer de Leonardo o homem ideal... é fazer dele algo referencial a que chamo nele de genialidade... e nos seus atuais discípulos de pura babaquice. Caio _______________________________________________ Segue um exemplo da tentativa de leonardodavincizar todas as coisas: 29/06/2002 - 09h33 Livro de inglês provoca polêmica ao defender primazia de Da Vince ALESSANDRO GRECO free-lance para a Folha Leonardo da Vinci foi um dos maiores gênios da humanidade, mas isso não é novidade. Pintou a "Mona Lisa", o mais admirado quadro da história da humanidade, mas isso também nada tem novo. Agora o escritor inglês Michael White está dizendo em seu recém-lançado "Leonardo: O Primeiro Cientista" que Da Vinci foi também o primeiro cientista. A afirmativa vem envolta em polêmica iniciada quando os manuscritos do gênio renascentista foram redescobertos após mofarem esquecidos em caixas durante quase dois séculos após sua morte em 1519. White é especialista neste tipo de hipótese. Escreveu anteriormente, um livro intitulado "Isaac Newton: O Último Feiticeiro", sobre o gênio inglês, mostrando que ele passou a maior parte do tempo trabalhando com alquimia, e não com ciência propriamente dita. Com Da Vinci, a tese de White é que o renascentista criou o chamado método científico. Leia a seguir trechos da entrevista. Folha - O senhor afirma que Da Vinci foi o primeiro cientista, mas muitas de suas descobertas partiram de princípios errados, não? Michael White - A reputação de Da Vinci de fazer coisas erradas é injusta e nasceu primariamente de seus conceitos de engenharia. Muitas de suas máquinas teriam funcionado se fossem construídas, mas outras com certeza não. Isso se deve principalmente ao fato de que ele não tinha disponível nenhuma das formas de energia moderna. Por exemplo: ele projetou máquinas voadoras movidas por humanos, pois não tinha nenhuma forma de motor disponível. Essa máquina, conseqüentemente, nunca teria funcionado. Leonardo foi definitivamente o primeiro cientista, pois foi o primeiro a conceber um método científico. Ele acreditava que para confirmar uma idéia era necessário fazer experimentos e, a partir deles, se poderia chegar a conclusões específicas que, por sua vez, se expandiriam na forma de regras gerais. Isso é ciência. Folha - Da Vinci não conhecia matemática, nunca teve uma educação formal na área. Como ele foi capaz de imaginar e desenhar tantas máquinas? White - Ele sabia do poder da matemática, mas não tinha nenhum talento nessa direção. Ele era capaz de criar máquinas usando sua intuição e habilidade de desenhista. Sua maior ferramenta como cientista era sua habilidade artística. Ele era capaz de desenhar uma máquina a partir de princípios básicos e usava desenhos em vez de matemática para explicar suas idéias. Afinal, de uma certa forma, matemática é uma ferramenta de comunicação que permite aos cientistas entender uns aos outros. Ele usou uma linguagem diferente para se comunicar: a habilidade artística. Folha - O sr. disse como Da Vinci artista ajudou o cientista. Como o cientista ajudou o pintor? White - Leonardo era um ótimo arquiteto e engenheiro. Ele estudou ótica, mecânica, cartografia, e a lista é infinita. Ele acreditava que tudo que aprendesse o ajudaria e aplicou o seu aprendizado científico em sua arte na forma como retratava os humanos e a natureza. Imaginou, por exemplo, que para desenhar uma árvore adequadamente deveria saber como a árvore vivia e funcionava. Isso mostra uma ligação muito forte entre os dois Leonardos. Folha - Falando em "dois Leonardos", gostaria que o sr. comentasse algumas contradições dele. Da Vinci era um pacifista, mas trabalhou para uma das figuras mais sanguinárias da história, Cesar Borgia, que serviu de inspiração para Maquiavel escrever "O Príncipe". White - Como todas as grandes pessoas, ele era um poço de contradição. Quase todos os aspectos de sua vida e pensamento tinham um contra-aspecto. Acho que no seu maior trabalho, seja científico ou artístico, ele misturou essas contradições que dominavam seu caráter e nos deu algo especial. A "Mona Lisa" é o exemplo mais famoso, mas há outras grandes pinturas e não devemos esquecer os mais de 1.500 desenhos de anatomia que são pura maravilha. Folha - As descobertas de Leonardo da Vinci como cientista ficaram desconhecidas por mais de dois séculos. Por quê? White - Leonardo era muito reservado e codificou a maioria dos seus manuscritos. Quando morreu deixou as milhares de páginas do seus cadernos de notas para seu aprendiz de confiança Francesco Melzi. Melzi tentou catalogar e organizar os escritos de Leonardo, mas não conseguiu ir muito longe. Seu filho herdou os papéis, mas não tinha nenhum interesse em Leonardo. Ele colocou os papéis de Leonardo em caixas e guardou-os em um prédio perto de sua casa. Lá, eles ficaram e foram esquecidos por aproximadamente duzentos anos. Finalmente, a informação da existência desses manuscritos vazou e começou a circular pela Europa. Para nossa tristeza, boa parte dos originais de Leonardo se perderam ou foram destruídos. LEONARDO: O PRIMEIRO CIENTISTA ("Leonardo: The First Scientist", 2000) De: Michael White 01/12/05
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