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QUANDO CONCORDO, TENHO MEDO; QUANDO DISCORDO, TAMBÉM!

QUANDO CONCORDO, TENHO MEDO; QUANDO DISCORDO, TAMBÉM!



----- Original Message ----- From: QUANDO CONCORDO, TENHO MEDO; QUANDO DISCORDO, TAMBÉM! To: Sent: Tuesday, January 17, 2006 5:52 PM Subject: A respeito das Escrituras e do Caminho Caio: Tenho lido o site regularmente e tenho parado para refletir a respeito de muitas coisas a partir do que tenho lido. Confesso que nem sempre concordo com você, mas mesmo no que não concordo, eu questiono o que Deus realmente pensa a respeito, não descartando a possibilidade de você estar certo (nos pontos com os quais discordo). Concordo com você a respeito do evangelho, de Jesus e suas palavras; e lembro-me de um artigo seu ('Salvando Paulo do Apóstolo Paulo') questionando a igreja por enfatizar/exaltar tanto Paulo que era um homem como nós. Pelo que me lembro (me corrija por favor se eu estiver errado) você dá a entender que Paulo ou mesmo os outros apóstolos também eram suscetíveis a erros e tal; bem, eu tenho alguma dificuldade com alguns textos escritos por eles, com coisas que o próprio Jesus (segundo os evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João) não falou. Tomo como exemplo Romanos 1, quando Paulo fala sobre o 'proceder de Deus': [Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia (vs.24), Deus os entregou a paixões infames (vs. 26), Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado]. Este é um, entre outros textos que questiono. Eu tenho dúvidas e medo de que algo tenha sido 'acrescentado' (mesmo que pelos discípulos) ao que Deus (Jesus) realmente queria comunicar - algumas coisas pra mim não encaixam. Seria o caso da passagem de João de que se fossem registrar tudo não haveria livros suficientes? Outra observação que faço é quanto à sua coragem de ir contra as 'instituições religiosas'. Em alguns pontos concordo com você, em outros tenho medo de estar errado. Lembro-me do pouco que estudei de História da Igreja, quando Martinho Lutero foi contra o pensamento da época, que tinha bases de 1500 anos, e penso que talvez esteja acontecendo de novo, mas tenho medo de estar errado. Nas coisas que concordo com você, tenho medo de estar errado quanto às coisas em que discordo; nas coisas em que discordo tenho medo de estar errado nas coisas em que concordo. Se puder falar a respeito, eu agradeço. Um abraço, Rafael _____________________________________________________ Rafael, meu irmão: Graça e Paz! Vejo os religiosos cristãos brigando pelo significado da interpretação das Escrituras e acerca de qual seja a interpretação correta. Enquanto isto, ando sem medo. Sim, porque para mim, pela misericórdia de Deus, está claro que esse não é o caminho da vida com Deus mesmo. Na realidade, se você concorda comigo acerca de Jesus e Suas Palavras, então, estamos de acordo em tudo, pois, na realidade, nada mais interessa depois de Jesus, de Sua Cruz e de Sua Ressurreição. Nele tudo está feito e consumado! O que mais você teria a acrescentar? Que outra importância haveria de nos separar? E o que vai separar aqueles aos quais Deus mesmo uniu pela compreensão do significado de Jesus? O “resto”, meu mano, é “resto”. É como quem encontra um tesouro na lama, uma pedra de valor inestimável, e que fica na dúvida se além da pedra de grande valor, também leva ou não a lama para casa. Jesus disse que o reino dos céus é como um homem que achou um tesouro em um campo que não era seu. Então, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo; não pelo campo em si, mas pelo que nele se ocultava: o tesouro. Desse modo, ele ganha de graça o tesouro, porém paga pelo campo. Além disso, tudo o mais que antes ele tinha, isso ele considera agora como refugo, tamanha é a sua alegria pelo que havia achado; daí não ter hesitado em trocar tudo o que tinha por aquilo que era perceptível apenas aos sentidos dele. Assim, mano, se foi Jesus que você encontrou mesmo, e se acerca Dele você tem total acordo comigo, o que mais poderia nos separar? Vamos, então, às suas questões e também vejamos o que penso delas: 1. Você mesmo ainda é uma pessoa dependente das informações de terceiros. Ou seja: você ainda não tem convicção pessoal acerca de quem é Jesus para você, e de qual seja o real significado do espírito do Evangelho. 2. Nenhum apóstolo escreveu coisa alguma errada quando se tratou da revelação da Palavra. Quando digo que eles erravam também, pelo amor de Deus, me refiro a sentimentos (Paulo em desavença com Barnabé e vice versa), declarações passionais (Paulo em II Coríntios), repreensibilidades circunstanciais (Pedro entre os gentios, repreendido por Paulo — ver Gálatas), ao ainda acerca dos equívocos ‘políticos’ e também de natureza ‘híbrida’ entre Tiago e os sacerdotes de Jerusalém (ver em Atos, até a prisão de Paulo). 3. No mais, não me refiro a erros, mas faço, por exemplo, diferença entre o que é imutável como principio do Evangelho, e o que é ‘aplicativo circunstancial’ do principio, apenas fazendo-o ‘próprio’ ao contexto e ao momento. Insurjo-me contra tratar o principio imutável em equivalência com o ‘aplicativo circunstancial’. Um sem número de valores da época, os quais, muitas vezes, eram contra o alvo final do Evangelho, foram ‘aconselhados” em razão de que, à época, aquele era o único modo ‘possível’ de tratar as coisas, sendo, circunstancialmente, o avanço que se poderia fazer. Porém, congelar o que Paulo disse circunstancialmente e confundir com o que ele disse de modo imutável, é o que tem feito a “igreja” esquecer o que é e o que vale, e, assim, não mudar e não crescer em entendimento; e ficar com o que foi...; mas que não tem que ser em razão de que foi apenas porque era o menos ruim a ser feito no contexto e à época, embora não fosse ainda o atingimento do alvo do Evangelho. Se você ler o site verá que todo aquele que conhece o espírito do Evangelho, que é o espírito de Jesus, e Seu modo de ser, ver, tratar, expressar, escolher lados, afirmar o inegociável, amar, acolher, perdoar, e tudo mais que Ele disse, fez, e ensinou, são as únicas realidades a partir das quais tudo mais deve ser lido e visto; posto que depois de Jesus, tudo deve ser apenas comentário e aplicativo do princípio eterno por ele encarnado, e explicado com Suas palavras, gestos, atos, atitudes e comportamento. Jesus é a Palavra Eterna, sendo, Ele mesmo, a verdadeira interpretação do significado da Escritura. Assim, para mim, qualquer coisa, de qualquer um, até de Paulo, que não se pareça com o que Jesus ensinou, fica apenas como registro histórico e circunstancial. Nada além disso. Como exemplo disto tomo as muitas passionalidades de Paulo, as quais, se ele estivesse andando no caminho com Jesus, durante aqueles três anos, seriam objeto de repreensão, do tipo: “Paulo, tu não sabes ainda de que espírito tu és?” Isto porque o próprio apóstolo também se retrata na carta seguinte, julgando que se havia excedido. Ou seja: no que os apóstolos disseram encontro revelação do Evangelho, ao mesmo tempo em que, especialmente nas cartas de Paulo — que foi não só quem mais escreveu, mas também aquele que mais o fez com pessoalidade e aplicabilidade imediata e circunstancial tudo o que disse —, encontro expressões de mera humanidade em muitas coisas. Portanto, fico com o principio imutável, mas fujo de me sentir como Paulo, pois, na maioria das vezes, era um sentir humano, e não uma revelação de como um homem deve se sentir sempre; pois, para mim, Paulo era como eu, e, não tenho em meu sentir referencia para mim mesmo em nada, mas sim na Palavra Eterna. Leia aqui no site, em Cartas e Reflexões, um monte de textos sobre como ler a Bíblia e também como Jesus é a chave hermenêutica que abre o entendimento do significado da Escritura como um todo. Ou seja: leia a Bíblia a partir de Jesus, e não Jesus a partir da Bíblia. Sobre o texto de Paulo aos Romanos citado por você, leia aqui no site, em Reflexões, o texto “Uma disposição mental reprovável”, e nele você encontrará o que penso sobre o tema da entrega dos homens a um estado mental reprovável. Além disso, você escreveu algo importante, do ponto de vista da revelação de onde você está “interiormente”. Veja: “Nas coisas que concordo com você, tenho medo de estar errado quanto às coisas em que discordo; nas coisas em que discordo tenho medo de estar errado nas coisas em que concordo.” Ou seja: A sua luta é entre o que digo e o que você aprendeu. Desse modo você revela que tudo o que tem é coisa que lhe chegou pelas mãos de terceiros, antes de outros, hoje pelas minhas mãos. E, assim, não tendo nada seu, mas apenas tendo feito seu o que lhe veio de outros, fica mesmo a questão: Quem estará certo? Portanto, não seja mais daqueles que crêem no que os outros dizem, nem eu. Ao contrário, pegue o Novo Testamento e vá conferir você mesmo. E lendo a Palavra tendo a Jesus como chave hermenêutica e interpretativa, não haverá erro. Leia também aqui no site um texto intitulado “O Evangelho e Búzios”, pois creio que você é parte dessa geração que só conheceu o Evangelho pela via da doutrinação de terceiros. Agora, mano, é sua vez de fazer a viagem com as próprias pernas e com sua fé, não a de outros. Receba meu abraço, carinho e orações! Nele, em Quem estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, Caio
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