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SÍNDROME CONJUGAL DO APOSENTADO!

SÍNDROME CONJUGAL DO APOSENTADO!

 

 

 

 

 

----- Original Message -----

From: SÍNDROME CONJUGAL DO APOSENTADO!

To: contato@caiofabio.com

Sent: Sunday, September 23, 2007 12:35 AM

Subject: Me ajude.

 

 

 

 

 

 

Pastor Caio!

 

 

Tenho 60 anos e estou aposentado...

 

Quando eu ia trabalhar todos os dias bem cedo, por 28 anos, minha esposa me achava o melhor.

 

Mas agora... Fico em casa. Ajudo em tudo que ela pede e muito mais... Não sou chato, mas tenho minhas coisas... É que gosto de pouca agitação... Já tive confusão demais... Agora quero ficar tranqüilo, mas ela diz que não estou fazendo nada.

 

Temos tudo o que precisamos...

 

Ela repete muito as coisas... Fico meio que impaciente... Sabe como é?

 

Depois que me aposentei ela resolveu se aposentar de tudo na vida.

 

Fica me criticando... Parece que só faço coisa errada... E não é, pastor!

 

Eu sei que eu amo a minha esposa e creio que ela me ama. Na cama é tudo bom... E ela tem muito prazer... Mas depois parece que nem foi tão bom assim... pelo jeito que ela me trata.

 

Será que isto é normal na nossa idade? Ela tem 61 anos.

 

Nos dois somos fortes ainda...

 

Quero viver o resto da vida com ela. Mas ando um pouco cansado dessa minha "aposentadoria"... Estou até pensando em sair pra trabalhar... Será que melhora?

 

Bem, se puder, me ajude.

 

______________________________________ 

 

Resposta:

 

 

Meu amado irmão: Graça e Paz!

 

 

Você não disse há quanto tempo está aposentado. No entanto, é fato que depois de anos de determinadas rotinas, você para um lado e ela para outro, agora, na fusão das rotinas, com você em casa e ela também, surge a necessidade de novos encontros e adaptações.

 

Mas se vocês se amam e, na cama, as coisas vão bem, então, o mais é ajuste.

 

É muito difícil o casamento de nossas esquisitices. Ora, quando se casa na juventude tem-se que fazer muitos ajustes visando o bom convívio. Então, tudo ganha rotina. No entanto, quando se tem que fazer isto outra vez, no tempo da vida em que você está a dificuldade é ainda maior, pois, agora, ambos, marido e mulher, olham um para o outro e se perguntam: O que foi que aconteceu com ele [a]?

 

Sim! Pois, agora, com a idade, e depois de anos de bom convívio dentro das dinâmicas anteriores, nem sempre se consegue explicação fácil para as rabugices que começam a acontecer.

 

No entanto, vocês dois precisam conversar sem brigar, e, assim, tentarem dizer claramente um para o outro no que vocês presentemente se sentem mal em relação ao outro. E, desse modo, necessitam buscar fazer concessões um ao outro.

 

E mais:

 

Vocês dois precisam aprender a se perguntar sempre:

 

Se a amo, e se desejo viver com ela o resto da vida, e, além disso, se creio no amor dela por mim, por que então não faço o meu melhor em relação a dar a ela conforto, evitando aquilo que, não sendo essencial, gera mal estar nela?

 

Ora, na prática o que lhes propus [pois, é para vocês dois] como questão, é ainda algo muito menor do que o que Jesus mandou que fizéssemos, que é nos pormos no lugar do outro, ele nos amando ou não, e, assim, agirmos de acordo com o que gostaríamos que o outro fizesse a nós, se nós fossemos ele.

 

Falando de modo prático, sugiro o seguinte:

 

1.        Que você fale com ela acerca de como você se sente;

2.        Que você peça a ela para dizer como ela se sente;

3.        Que vocês dois dialoguem em amor, evitando discussão e gritaria, e, portanto, apenas conversando, sem acusação, sem dizer “você é assim”, mas apenas “eu me sinto assim em relação a isso”; e, por fim, buscando agir de modo simples, porém, evitando as coisas que irritam mutuamente;

4.        Que vocês não ressuscitem zumbis; ou seja: que não evoquem temas e situações do passado, atendo-se, assim, apenas ao dia de hoje; pois, “basta a cada dia o seu próprio mal”;

5.        Que vocês troquem cartas quando sentirem que o clima está potencialmente pronto para uma briga feia;

6.        Que vocês estabeleçam novas rotinas nesta nova fase da vida; tipo: tempo solitário ou de leitura e trabalho em casa para cada um, conforme o que seja melhor, e, em tal caso, buscando sempre respeitar esse tempo como se o outro estivesse longe, trabalhando no escritório ou no trabalho de toda a vida antes;

7.        Que sempre vejam se a discussão ou mal-humor tem a ver com o outro, ou se o outro é apenas o alvo no qual já nos viciamos em laçar nossas setas;

8.        Que não tentem jamais mudar o outro; pois, somente o outro pode mudar a si mesmo;

9.        Que sejam pacientes, mas não acomodados; que sejam sábios, mas não neuróticos; que busquem dar todo conforto ao outro, sem auto-anulação adoecida;

10.    Que tentem resolver tudo sempre depois de fazer amor, pois, assim, raramente vocês terão qualquer coisa para resolver; bastando apenas que não sejam cínicos e não esqueçam o que está acordado como zona de conforto para ambos.

 

 

Além disso, saiba mais o seguinte:

 

 

1.        Dê atenção ao lado lúdico da vida de vocês, e, assim, além de sexo, saia com ela e tentem se distrair na companhia um do outro.

2.        Não se canse no caso de ela não melhorar o lado dela. Continue fazendo a sua parte, não para ser melhor do que ela, mas porque é assim que é o amor na verdade.

3.        Não deixe que nenhuma amargura tome espaço em sua alma, e, se puder, faça tudo para que não cresça na dela também — e o único modo é perdoando sempre, antes de qualquer conversa.

4.        Evite ficar tenso com tudo isto, pois, a tensão somente gera ansiedade, e, ela, creia: é contagiosa.

5.        Não alimente nenhuma forma de exagero em você ou nela; e, se perceber que alguma coisa está ficando fora das proporções, fale com ela, mas sempre fugindo da gritaria e dos escândalos.

 

No casamento, uma das maiores tentações é sucumbir à idéia de “vitória relacional”. Ou de domesticação do outro. Ou mesmo a sua clonagem. Em todo caso o cônjuge passa a ser apenas um apêndice de conforto. A fim de que se consiga isto muita briga acontece, e, no fim, na melhor das hipóteses, tem-se um cônjuge subjugado, enquanto vive amargurado, triste e desenvolvendo raiva latente. Entretanto, hoje em dia, na maioria dos casos, o desfecho é a separação, e, no final, se houver alguma calma na reflexão, ambos concluirão que se fizeram mal apenas por desejaram subjugar o outro.

 

É o desgraçado “olho por olho, dente por dente”, que, no fim, gera um casal divorciado na alma, e sem olhos e sem dentes.

 

O mandamento de Jesus é não resistir o perverso.

 

Ora, a sua esposa não é perversa e nem o perverso. Portanto, se somos chamados a agir bem com aquele que é mau, muito melhor devemos agir com quem dizemos amar.

 

Todavia, não abuse do amor; nem do seu e nem do dela.

 

O amor jamais acaba, mas o amor erótico, no casamento, acaba sempre que as amarguras vão se acumulando, ainda que, por amor ao Evangelho, muita gente continue a se amar como irmãos, visto que o tesão se foi antes da hora pelo acumulo dos sentimentos ruins no coração.

  

Por último:

 

Sair para trabalhar somente para resolver esse problema não é a solução. Você não pode ficar seqüestrado por isto. Você já trabalhou muito. Se é hora de viver com mais calma, então é a hora. A solução não pode ser a fuga. Afinal, ela é a sua mulher, e, você não estará casado com ela se temê-la e se fugir dela.

 

Quanto ao mais, tentem ler a Palavra juntos, sem ser para discutir opiniões, mas apenas para um ouvir a leitura do outro, sem comentários; pois, até isto, quando alguém está sentido, muitas vezes leva a pessoa a usar até a Palavra contra o outro; ou, o outro, usar a Palavra para se defender.

 

O mais, meu irmão, o amor verdadeiro sempre resolve no curso do caminho excelente.

 

Receba meu carinho!

 

Ah! Ia esquecendo!

 

Perdão por responder tanto tempo depois, mas o faço na esperança de que seja ainda útil a você, visto que certamente o será para os que estejam na mesma situação, e, leiam nossa correspondência no meu site.

 

 

 

Nele, que faz o vinho no casamento ficar sempre melhor quando entregamos nossa falência de vinho nas mãos Dele,

 

 

Caio

22 de agosto de 2008

Lago Norte

Brasília

DF

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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