English | Português

Letters

SOBRE O ESTADÃO: VOCÊ NÃO TEM MEDO?

SOBRE O ESTADÃO: VOCÊ NÃO TEM MEDO?

 

 


----- Original Message -----
From: SOBRE O ESTADÃO: VOCÊ NÃO TEM MEDO?
To: contato@caiofabio.com
Sent: Saturday, September 23, 2006 1:23 AM
Subject: VOCÊ NÃO TEM MEDO?


 
Oi Caio!
 
 
Li no Estadão de hoje uma matéria sobre você. Parece que a intenção do jornal foi mostrar que o presidente Lula não fala a verdade quando diz que nunca quis saber de Dossiês contra seus adversários.
 
Você não teme retaliações?
 
 
Oswaldo
____________________________________________________
 

Resposta:

 

Meu amado irmão: Graça e Paz!


É obvio que não gostaria que a matéria tivesse tido exclusivamente este teor. Não me interessa nada disso. Além disso, a mídia não me diz nada. Já tive minha cota de mídia por muitas vidas — e cansei. Ademais, também sei como a mídia é; sei como ela funciona; e tenho a convicção de que ela não existe para fazer bem a ninguém; exceto a ela própria. Sim, ela é um negócio de venda de informações; seja na forma de jornal, revista, televisão — ou na internet. 

A matéria de hoje foi objeto de uma entrevista que dei ao repórter Ricardo Muniz, que me havia entrevistado para o site “Teologia Brasileira” — à época como uma solicitação da Judith Ramos, que lá trabalhava.

Gostei dele. Se me mostrou sério. Algum tempo depois, já como repórter do Estadão, ele me pediu outra entrevista. O tema central seria espiritualidade humana, o Caminho da Graça, e como eu via o mundo hoje. Obviamente ele me disse, com toda sinceridade, que a editoria do jornal também gostaria de me perguntar alguma coisa sobre o tema político de 1998.

Concordei. A matéria, porém, por alguma razão, não foi publicada. Nem eu a publiquei tampouco aqui no site, como costumo fazer sempre que concedo alguma entrevista hoje em dia.

Algum tempo depois o Ricardo pediu minha autorização para publicar a matéria no blog dele. Autorizei.

No início desta semana, entretanto, ele me informou que o Estadão desejava publicar a matéria, a qual, de certa forma, já era deles — eu havia concedido a entrevista a eles em 22 de março de 2006. Portanto, ele foi apenas ético ao me informar o fato. Pois nem necessidade disto haveria. Eu dera a entrevista no início do ano.

Assim, após esse preâmbulo, digo a você que não me interessa ter a mídia atrás de mim; como também não tenho interesse em nada que não seja a pregação da Palavra do Evangelho. Entretanto, após oito anos de silêncio proposital sobre o tema (no que concernia à grande mídia) — julguei que já era hora de começar a esclarecer o que houve em 1998. Todavia, o que naquela matéria está dito é uma pontinha de algo muito mais vasto e amplo — coisas essas que não desejo divulgar; posto que meu desejo não é prejudicar ninguém. Apenas cansei de ser prejudicado.

Minha família (filhos e esposa) e eu ficamos com “trauma de mídia”. Só Deus sabe o que passamos entre novembro de 1998 e 2002. No início foram 45 dias de mídia diária, perversa, hostil, vampiresca, absolutamente invasiva, distorcedora de todos os fatos — e até ficcional, como foi o caso das matérias feitas por um certo Meireles, à época trabalhando para “O Globo”; e que criou histórias que nunca existiram.

Alguns dos mencionados processaram os meios de comunicação e ganharam. Eu, todavia, só queria paz e ser deixado de lado. Esse era o meu pedido a Deus — e continua a ser. Isto sem falar nos carros de reportagem acampados à frente de minha casa, tanto na Flórida quanto aqui no Brasil. Foi o inferno. E disto quero toda distancia possível. 

Se temo? Sinceramente, não procuro e não me deixo achar a fim de falar do assunto. Porém, não temo. Afinal, é verdade. E nada se pode contra a verdade, senão em favor dela. 

Não me precipitei. Fiz como Jeremias diz nas Lamentações: comi pedras, pus cinza sobre a cabeça, e suportei o jugo em silêncio — e busquei trazer a memória o que me poderia dar esperança. Também cri que se Deus estivesse interessado no assunto, a História contaria a própria História. Afinal, quem diz que é como digo que foi em 1998 são os fatos de hoje.

Durante esse período de silêncio e humilhações, cresci no Senhor. Perdi muitos medos. E também aprendi a confiar Naquele que reina sobre Príncipes e Reis.

“Que me pode fazer o braço mortal?”

Eles têm poderes humanos. Mas quem resiste a um sonho do tipo que enlouqueceu a Nabucodonozor?

Sim, e quem não treme os joelhos quando a Mão escreve nas paredes do Palácio — Mene, Mene, Tequel e Parsim?

Assim, minha resposta a você é o salmo que segue; e que foi o salmo que mais me alimentou a alma durante toda a opressão sofrida em silêncio.

Leia:

 

O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?

Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem.

Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança.

Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo.

Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha.

Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao SENHOR.

Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me.

Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença.

Não me escondas, SENHOR, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá.

Ensina-me, SENHOR, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam.

Não me deixes à vontade dos meus adversários; pois contra mim se levantam falsas testemunhas e os que só respiram crueldade.

Eu creio que verei a bondade do SENHOR na terra dos viventes.

Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR.


...

Esta foi e é minha oração!

Peço a Deus que tenha misericórdia de todos os que sofrem injustamente. Porém, aprendi que há uma bem-aventurança na perseguição falsa e mentirosa. Sim, Deus se faz solidário para com todo aquele que é posto para além dos limites da verdade dos fatos. Desses, Ele se faz Advogado e Justificador.

Nunca os procurei para propor nada. Eles é que vieram a mim. E me oprimiram. Hoje, depois de escaldado pela existência, eles não teriam tal poder de me oprimir. Mas, há oito anos, ainda com muitas ilusões, cri neles, e me arrebentei para o meu próprio bem.

Por isto digo: Louvado seja Deus! Pois Ele é bom, e Sua misericórdia dura para sempre!

Mas que mídia nenhuma me procure (conforme às vezes tentam) — pois nada tenho a dizer senão acerca do Evangelho da Salvação. Este é o único tema de meu ser. Sempre foi; e, agora, mais do que nunca, sempre o será.


Nele, que me faz dizer — Se Deus é por nós, quem será contra nós?

 

Caio

22 de setembro de 2006

We use essential cookies and technologies in accordance with our Privacy Policy and, by continuing to browse, you agree to these conditions.
OK